Como está sua vida cristã? - Por: Lúcio Carlos

 


Sabe-se que nossa tendência natural como ser humano é querermos nos sentir compreendidos, acolhidos, amados e elogiados. Muitas vezes, fazemos de tudo para agradarmos e sermos aprovados pelas pessoas que estão ao nosso redor, sejam elas parentes, amigos, vizinhos ou conhecidos. Adoramos viver paparicados e amamos ter o nosso “ego” amaciado por palavras “doces” e calmas.  Isso acontece porque queremos nos sentir inclusos dentro de determinados grupos sociais, pois vinculamos, muitas vezes, a nossa felicidade e bem-estar a aceitação coletiva.

A necessidade de aceitação é natural, mas se levada ao extremo, pode provocar consequências negativas em questões psicológicas. Se precisarmos mudar nossa essência para sermos amados ou aceitos por alguém, essa relação não é de amor e sim de falsidade. Depender emocionalmente de alguém para ser feliz é a receita para o fracasso, pois o outro nunca conseguirá nos satisfazer plenamente e nem concordar com a nossa forma de ser por completo, pois cada ser humano foi criado por Deus com suas próprias singularidades.

Outra tendência natural e inerente a nossa “humanidade” é a busca desenfreada pelo prazer, influenciada tanto pelo hedonismo como também pelo antropocentrismo, cujos valores norteiam a sociedade moderna. Somos incentivados a procurar, a qualquer custo, satisfazer os nossos desejos e impulsos nas mais diversas áreas. Alguns exemplos são a ganância e a avareza exacerbada, os vícios e a libertinagem sexual. A velha máxima atual é a seguinte: “Nada é errado, se me faz feliz”.

O grande problema é que essas duas ideologias mundanas (busca por aceitação social a qualquer custo e o culto ao prazer e ao egocentrismo) têm tido muitos adeptos no “meio cristão.”

Em relação a aceitação social, muitos ditos “cristãos” e até mesmo comunidades evangélicas têm tentando se amoldar as mudanças experimentadas pela modernidade. Neste sentido, muitos “crentes” têm perdido a essência do verdadeiro cristianismo pregado por Jesus, o qual é baseado no confronto direto a prática do pecado.

Enquanto Jesus esteve aqui na Terra, Ele sempre esteve rodeado de pecadores, não para se ajuntar a roda dos escarnecedores na prática dos delitos, mas sim para leva-los ao arrependimento e à mudança de vida, como descrito em João 8:11 – “E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” O Evangelho de Cristo necessariamente leva a uma mudança de caráter e de valores, o que, consequentemente, nos exige uma nova postura, sempre buscando a obediência aos ensinamentos estabelecidos na Palavra de Deus, que é a Bíblia: “Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.”
(Efésios 4:22-24)

O grande cerne da questão é que os estatutos e princípios estabelecidos por Deus, em Sua Palavra, são imutáveis, não sendo dependentes da cultura local, espaço e tempo: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre.” (Hebreus 13:8). Além disso, os preceitos bíblicos entram em total choque com os valores do mundo moderno. Neste sentido, muitas igrejas, com medo de perder membros ou popularidade, ou até mesmo, para ganhar visibilidade entre camadas sociais específicas, não tem pregado o verdadeiro Evangelho de Cristo.

Muitas igrejas têm difundido um “evangelho social e diluído”, que não exige nenhuma transformação e que sofre adaptações para atender as necessidades humanas. Além disso, um “Jesus good vibes” tem sido pregado. A afirmação mais comum dita é que Deus é amor. No entanto, o que muitos esquecem é que Deus também e justiça e que, por isso, Ele abomina o pecado, conforme diz em Salmos 11:5 - “O Senhor prova o justo, mas o ímpio e a quem ama a injustiça, a sua alma odeia.” Da mesma forma, nós, como verdadeiros comunidade cristã e também como indivíduos, não devemos ter medo de repreender o pecado e de nos manifestar contra aquilo que desagrada a Deus: “Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas?” (2 Coríntios 6:14b)

Nós, como salvos em Cristo Jesus, devemos compreender que a única pessoa que devemos procurar agradar e obter aprovação é Deus. A maior prova que amamos a Deus e o agradamos é a obediência aos seus imutáveis mandamentos.  Além disso, devemos ter a consciência de que as pessoas irão nos odiar por falarmos e defendermos os princípios do Evangelho e condenarmos o pecado. A Bíblia mesmo revela que Cristo foi odiado pelo mundo e menciona que os verdadeiros cristãos estão sujeitos a inimizades gratuitas, incompreensão, perseguição e até a morte, simplesmente por professarem os princípios cristãos: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.” (João 15:18,19).

Além disso, a Bíblia revela, em Tiago 4:4, o seguinte: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. Neste contexto, ser amigo do mundo também significa concordar com as práticas pecaminosas e ser covarde no que tange a denunciar o pecado, a fim de manter uma boa reputação social. A Bíblia fala que devemos ser corajosos e demonstrarmos firmemente a nossa postura e identidade como cristão em todas as situações, independentemente do que os outros pensem ou das consequências desse nosso posicionamento: “Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará” (Mateus 16:25).

Em relação a busca pelo prazer e satisfação pessoal, a Bíblia menciona que tudo o que fizermos em nossa vida, devemos fazê-lo para glorificar a Deus e engrandecer o Seu Nome, como é mencionado em 1 Coríntios 10:31 – “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.” Ademais, a Palavra menciona que devemos alimentar o nosso espírito e não a nossa carne (paixões e desejos naturais), como está descrito em Gálatas 5:24 – “Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos.” No entanto, o que vemos no mundo “cristão” é pessoas procurando satisfazer as suas próprias vontades e colocando suas próprias prioridades a frente das do Reino de Deus.

Neste sentido, é muito comum atualmente vermos em “Igrejas”, líderes preocupados em enriquecer o seu próprio bolso e não em guiar as pessoas para o caminho dos céus. A salvação da alma por meio da fé na obra de Cristo na cruz, infelizmente, não tem sido um tema prioritário. O culto ao dinheiro, sumarizado na famosa “Teologia da Prosperidade”, faz com que os homens procurem acumular bens aqui na Terra, e não no céu. Atualmente, é muito difundido a ideia de que a aprovação de Deus sob a nossa conduta está diretamente ligada a quantidade de bênçãos financeiras que recebemos ou ao quão “tranquila e fácil” está a nossa vida. Essa mensagem soa muito boa aos nossos ouvidos, pois “massageia” o nosso ego. No entanto, a Bíblia fala que o verdadeiro cristão iria passar por tribulações e dificuldades aqui na Terra (João 16:33) e que o verdadeiro tesouro que devemos acumular não é aqui, mas sim no céu. (Mateus 6:19-20)

Outro ponto bastante preocupante é que muitos “cristãos” passaram a tratar o pecado como algo natural, pois a filosofia mundana do hedonismo penetrou em muitos corações. Neste sentido, muitas pessoas buscam pretextos bíblicos para se blindar de críticas contra as suas práticas pecaminosas, de forma a permitir que continuem a satisfazer seus próprios desejos carnais, sem nenhuma culpa. É nesse contexto que surgiu o “carnaval gospel”, “balada gospel”, a ideia de que o sexo apenas após o casamento é uma coisa arcaica, o pensamento de que o matrimônio não deve ser eterno e de que beber e se embriagar é normal, dentre diversos outras ideologias mundanas que tem adentrado as igrejas. Isso é uma coisa muito séria, pois aqueles que vivem na carne, não podem agradar a Deus (Romanos 8:8). Nós somos chamados para uma batalha diária contra o pecado e não para viver escravo dele, como está escrito em Romanos 6:6 – “Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado”.

Para finalizar, o objetivo deste texto é fazermos uma reflexão da nossa conduta como cristãos. Será que temos medo de denunciar o pecado, apenas para não desagradar as pessoas? Será que passamos a enxergar o pecado como algo natural e que deve até ser incentivado? Espero sinceramente que o não seja a resposta para essas duas perguntas. Que Deus nos ajude a sermos servos verdadeiros e fieis, denunciando o pecado e lutando contra as nossas próprias concupiscências a cada dia. Somente a partir do processo de santificação, poderemos ver a Deus e viver ao lado dele eternamente. (Hebreus 12:14). Que o Espírito Santo nos ajude nesta caminhada rumo os céus!!!

 


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