Aprendendo a viver - Por: Marcos Lima
“Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.” (Filipenses 4:12).
É muito difícil manter a mesma fé, o mesmo interesse pela palavra de Deus e se entregar da mesma forma aos propósitos do Senhor, quando as coisas não estão indo da forma como nós queremos. Temos predileção pelos acontecimentos lineares, burocráticos, sem muita variação. Gostamos de controlar a forma como se desenrolam os acontecimentos em nossas vidas. Não raramente, você encontra alguém que está fora do eixo exatamente devido a algum transtorno que lhe aconteceu. Pode ser a coisa mais simples do mundo, ou a mais complicada, comumente perdemos o controle da situação. Quando isso acontece, parece que o mundo ao nosso redor se desmorona e nada mais passa a fazer nenhuma diferença em nossa caminhada. Aquela atitude de coragem, desbravamento e conquista retroage a um nível inicial de decepção. A maioria das pessoas não admite ser contrariada.
Escrevendo
aos crentes em Filipos, o apóstolo Paulo aponta um caminho totalmente
divergente do que estamos acostumados. Ele apresenta um caminho feito de várias
interferências, da própria vida, de Deus, de nós mesmos... Ou seja, para Paulo
o caminho não é reto e construído sob uma perspectiva apenas de vitória,
flores, euforia, abundância, fartura e que nos leva a celebrar todos os dias. Pelo
contrário, para o apóstolo, haverá momentos de intensa luta interna e externa, em
que as coisas não sairão da maneira que planejamos. Há pessoas que pensam que o
cristão não pode sentir tristeza, solidão, saudade ou chorar, exatamente por
terem uma visão distorcida da palavra de Deus.
Paulo
afirma: sei estar abatido. Veja que afirmação pesada vinda de um dos maiores
expoentes do cristianismo. É preciso entender que o que merece destaque nessa
afirmação não é a palavra “abatido”, mas o verbo “sei”. Ao longo da sua caminhada
cristã, Paulo já havia aprendido algumas coisas que, para alguns, parecem sem
importância, mas que, para ele, formavam a sua identidade de vida com Deus. A
vida é um grande aprendizado e precisamos ser bons alunos. Não podemos ficar
insistindo sempre nas mesmas coisas, cometendo os mesmos erros, trilhando
sempre os mesmos caminhos, tomando sempre as mesmas direções, quando já
advertidos que a nossa atitude deve ser outra. Por isso, o apóstolo Paulo
sinaliza que já aprendeu a viver, levando em consideração as várias nuances que
a vida lhe ofereceu.
Não
adianta ficar batendo a cabeça por aí; temos que aprender com as experiências
que a vida nos oferece. E Paulo vai mais longe e afirma: “em toda a maneira, e
em todas as coisas estou instruído”. A vida não para, com o objetivo de
descermos e consertarmos o que está errado. É durante o movimento do trajeto
que fazemos as correções de percurso. Será que o seu mau humor não é fruto
dessa falta de se apropriar do conhecimento que a vida já lhe ofereceu? Esta
angústia, este desespero, talvez seja a sua resistência em compreender que as
coisas não irão acontecer como você quer que aconteça, mas dentro daquilo que é
possível. Passar fome, ter necessidades, não é um sinal de Deus de que você
esteja em pecado ou coisa parecida, assim como ter fatura e abundância não
significa que Deus está aprovando a sua conduta. É preciso aprender a viver.
A vida não é feita de ilusão, fartura, barriga cheia, comida na mesa, dinheiro no bolso, muitos amigos, saúde para dar e vender. Precisamos entender que estamos matriculados na escola da vida, e para não sermos reprovados temos que decifrar os recados que os acontecimentos nos mandam. Não seja cabeça dura... Entenda que, sobretudo, Deus é soberano em nossas vidas. Isso significa, entre outras coisas, que Ele é quem dá a palavra final sobre nós. Portanto, não fique se debatendo contra ela, simplesmente aprenda o que ela quer te ensinar.
Seja humilde, sente-se na cadeira da vida e aprenda com o Mestre Jesus.
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